Bom dia, caros leitores! Olha que belezura temos para hoje!
Um projeto de lei que propõe uma cota mínima de 30% para a exposição de livros nacionais nas vitrines das livrarias está avançando na Câmara dos deputados. A brilhante ideia, do deputado Vital do Rego, já passou na Comissão de Cultura e na Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
A princípio, o PL 1942/2015 propõe mínimo de 30% dos autores brasileiros, em vitrines internas e externas nas livrarias brasileiras. Uma norma anterior estabelecia o limite em 10% nas livrarias.
Agora modernizada, a regra propõe que o limite seja obedecido também nos postos de venda, feiras, bienais e até nos sites de internet.
O deputado, do PMDB da Paraíba, justifica: “Assim como já existe a chamada ‘cota de tela’ para as produções cinematográficas brasileiras, propõe-se que se estabeleça mecanismo similar para os livros”.
Vamos lá. Primeiramente, já vamos derrubar esse negócio de cota de tela. Caso você não saiba, cota de tela é um número de salas de cinemas reservado por determinados dias do ano para a exibição obrigatória de filmes nacionais. Todos os anos há um decreto que delimita a quantidade de dias e de salas.
Mas e se ninguém quiser assistir esses filmes nacionais? Não interessa, é obrigatório. Ainda que o filme seja uma completa bosta, o cinema é obrigado a exibir.
E agora isso deverá acontecer com os livros. Isso mesmo. As vitrines das livrarias devem ter um mínimo de 30% de autores nacionais.
E qual o problema disso? Liberdade. Os cinemas e livrarias devem ter a liberdade de expor o que quiserem. E eles o farão conforme a demanda do público. Ou você acha que algum cinema deixará de exibir "Procurando Dory" nesse mês ou "Rogue One: Uma história Star Wars" no mês de dezembro?
Eles exibem aquilo que o povo quer ver. E lucram com isso.
"Ain, mas o povo deveria conhecer bons filmes nacionais". Concordo que existem bons filmes nacionais. Inclusive, recomendo este abaixo:
| Tempos de Paz, 2009. Brasil. |
Igualmente os livros. As vitrines de hoje estão lotadas de livros de Youtubers. Confesso que não tenho a menor simpatia por livros escritos por Youtubers, mas se eles estão lá, não entro no mérito de dizer que não são bons, é porque a livraria acha que seja um produto interessante pelo qual os consumidores se interessam (com certeza eu não seria um deles).
E também lotadas de livros estrangeiros: há demanda e a livraria considera um produto interessante para venda.
"Ain, mas a lei é uma medida para incentivar a cultura nacional". Cultura que precisa de incentivo pra mim é uma cultura forçada. Cultura mesmo, surge como uma paixão coletiva. Dê uma lida no meu texto A cultura brasileira é superior a um ministério e você vai entender o meu ponto.
Esse negócio de ficar controlando tudo, lei pra isso, cota pr´aquilo, incentivo a não sei o quê é fetiche de político que quer bancar o chefão. O Brasil não precisa disso. Basta de intervencionismo: deixem as livrarias colocarem o que elas quiserem nas vitrines.

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