Tchau, querido?

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O Brasil realmente não é para os fracos. Há pouco mais de um ano, Michel Temer assumia a presidência da República. Hoje, está prestes a deixá-la. E, caso perca seu cargo, será pelo truque mais barato, dantesco e hollywoodiano possível: uma gravação. Sim, acredite você ou não, o presidente da República caiu no velho conto do gravador escondido.



Magnatas do grupo JBS, Wesley e Joesley Santana (nomes ótimos para uma dupla sertaneja) gravaram, em acordo com a Operação Lava Jato uma conversa de Temer com Joesley. Durante essa "troca de ideias", o presidente supostamente deu aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso desde outubro de 2016 em  Curitiba. Segundo o jornal O GLOBO, a gravação da conversa foi feita em 7 de março deste ano.

Michel Temer já é nome carimbado nas delações da Operação Lava Jato, mas não poderia responder a atos "estranhos ao mandato", conforme uma interpretação tosca do inciso 4º do art. 86 da Constituição Federal. Mas agora com essa denúncia, os ventos sopram contra as velas do barco de Michel Temer, que não só pode responder a um processo de impeachment, como a um processo criminal por obstrução da justiça.

Wesley e Joesley Batista, donos do Grupo JBS

Sua base parlamentar (praticamente 3/4 do Congresso Nacional) avisou ao Palácio do Planalto que quer a renúncia de Michel Temer. Seus aliados se voltaram contra ele, e dificilmente haverá uma saída para Michel Temer a não ser abandonar o posto de capitão antes que o joguem para fora do barco. Numa outra perspectiva, é bom lembrar: quem acolhe os pedidos de impedimento é o presidente da Câmara. E diferente de Dilma Rousseff, que tinha um inimigo (Cunha) na presidência da Câmara, Michel Temer tem um amigão: Rodrigo Maia.

Mas parece que Michel Temer não está a fim de renunciar. Numa reunião com conselheiros políticos na noite desta quarta, Temer disse que não tem disposição em renunciar, e ressaltou que em nenhum momento falou sobre o silêncio de Cunha nas conversas que teve com Joesley.

NOTA DA PRESIDÊNCIA À IMPRENSA

"O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.

O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.

O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados”.

Até a noite de ontem, ninguém apostava que Michel Temer perderia seu mandato, mas a gravação (que não foi nem liberada nem homologada) dos irmãos Batista fez com que surgissem novas incertezas na política do país. Junte a isso o abandono da base aliada, a cobertura da imprensa e a impopularidade do Governo Temer e voilá: possivelmente o Brasil terá três presidentes em menos de dois anos.




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