Bota o retrato do velho de novo!

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Olá leitores!

Hoje vou falar um pouco sobre história. Mais precisamente sobre um dos presidentes do Brasil que eu mais admiro. A questão aqui não é se ele foi herói ou vilão - esse preto no branco é um saco mãs sim suas contribuições para a mudança do país.

Getúlio Vargas, um presidente que, à la D. Pedro I, equilibrava-se entre os interesses dos trabalhadores e das elites, fazendo sempre (ou pelo menos tentando) aquilo que era melhor (ou o que ele achava que era melhor) para o futuro do país.



      O primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) foi responsável por grandes conquistas sociais, tais como o voto secreto e universal – determinado na constituição de 1934 – e a CLT – a consolidação das leis trabalhistas – que garantiu aos trabalhadores importantes direitos como a carteira de trabalho, o salário mínimo e o descanso remunerado:

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,
 decreta:
 Art. 1º Fica aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho, que a este decreto-lei acompanha, com as alterações por ela introduzidas na legislação vigente.
Rio de Janeiro, 1 de maio de 1943.  (BRASIL, 1943)               

         

        Após 1937, com o surgimento do Estado Novo – decretado por Varga em cadeia nacional de rádio – houve um fortalecimento da política populista no governo Vargas.               

     O que movia essa política de fabricação e consolidação da imagem de Getúlio eram o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) - órgão governamental responsável pela censura e liberação dos meios de comunicação no País durante o Estado Novo - e o Ministério da Educação. 

         E para Nobre
[...]foi importantíssima a participação da imprensa como divulgadora e propagandista desta ideologia estadonovista. (...) Getúlio passava a ser conhecido como 'pai dos pobres'. O trabalhador e o trabalho passavam a figurar nos discursos oficiais de tal forma que iriam marcar grande parte das manifestações culturais e políticas do País.



     O monopólio que o DIP exercia nos meios de comunicação, garantia a uniformidade das informações veiculadas. Nas redações dos órgãos de imprensa a presença física dos censores foi a realidade, num primeiro momento do Estado Novo, sendo posteriormente substituída pela censura por telefone.                                                                                   

      E Barbosa reitera que “uma das faces mais importantes da construção do mito em torno de Getúlio Vargas é a de “pai dos pobres” e líder das massas trabalhadora. Assim, Vargas é sempre o sujeito da ação: ele é quem cria, determina, estabelece, manda, assina.”.     

     E as eleições de 1950 comprovaram o imenso prestígio de que Getúlio Vargas desfrutava. Empossado em 31 de janeiro de 1951, Vargas mostrou que não somente conseguiu emplacar a sua campanha populista anos antes, como conquistou a confiança de milhares de brasileiros.                                                                                                                      
    A volta de Getúlio ao poder, desta vez eleito democraticamente, simbolizava a volta do nacionalismo e das questões sociais e trabalhistas aos interesses do país.  Em linhas gerais, as duas principais bandeiras levantadas pelo candidato foram a questão nacional e os programas de reforma social.

        O primeiro, percebido notadamente na intenção da criação de empresas como a Petrobras, a Vale do Rio Doce e da Companhia Siderúrgica Nacional. As questões sociais eram percebidas no discurso do “pai dos pobres”, que pretendia ampliar a legislação trabalhista. (LAMARÃO)                                                                                                                

 Abreu traz uma abordagem interessante quando pontua que

Ao iniciar sua volta ao poder em 1951, Vargas não contou com o apoio da imprensa escrita e falada de maior circulação no país. Sua campanha política foi feita com a utilização de caminhões equipados com alto-falantes e de volantes impressos que divulgavam seu programa de governo. 

A imprensa, na verdade, atacou violentamente as propostas políticas, econômicas e sociais do candidato Vargas. Essa recusa em apoiar a volta de Vargas estava referenciada principalmente ao período do Estado Novo, quando se criou uma imagem negativa do ditador entre intelectuais e jornalistas.


Vargas utilizou um slogan em sua campanha que fazia um trocadilho interessante com sua carreira política:
 “Bota o retrato do velho outra vez/
  Bota no mesmo lugar/
  Bota o retrato do velho outra vez/
 Bota no mesmo lugar/
O retrato do velhinho faz a gente trabalhar”. 

A campanha utilizava-se novamente da questão social trabalhista para promover novamente a figura de Getúlio – além de incentivar a população a “colocar o velho” no poder – o que acabou acontecendo com a vitória de Getúlio nas urnas.                                                            
Carlos Lacerda, o corvo negro

 A oposição a Vargas se intensificou a partir de 1953 e teve na imprensa a liderança, principalmente, do jornalista Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tribuna da Imprensa Carlos Lacerda se utilizou de seu jornal para atacar o presidente nos mais variados aspectos possível – os dois eram inimigos declarados. (Digamos que Carlos Lacerda queria ser presidente a todo custo. Tipo um Aécio Neves, só que mais chato.)

Além de Lacerda, o jornal O Estado de S. Paulo e o Correio da Manhã, mesmo adotando um discurso de defesa das formalidades democráticas fizeram dura oposição ao governo Vargas, antes e depois do atentado a Carlos Lacerda.                  

 O clima tenso entre oposição e governo culminou no atentado a Carlos Lacerda no início de agosto de 1954. Esse episódio mobilizou a imprensa, que de modo geral manifestava-se em editoriais contra a permanência de Vargas à frente da presidência.                     


 “A campanha da imprensa, em 1954, quando Getúlio Vargas se suicidou, talvez seja o exemplo mais emblemático da sua [imprensa] vinculação ao campo político e de seu reconhecimento como força dirigente superior mesmo aos partidos e facções políticas.” (BARBOSA, 2007).   

~~~agora um palpitote jornalístico aqui~~~

Pode-se notar em meio a tudo isso, a importância e a relevância da imprensa quando se fala em política. Vivemos hoje um momento crítico onde a história parece se repetir: a imprensa tentando fazer o papel da justiça, como se fosse a própria - cega e imparcial. A imprensa deve sim fiscalizar e acompanhar os acontecimentos políticos, mas não pode utilizar-se deles para pregar um moralismo inexistente inclusive a própria imprensa.

É necessário desenvolvermos uma nova consciência e uma nova forma de fazer jornalismo. 

De alguma forma o jornalismo deve-se ater à sua função básica – informar – mas também desempenhar o importante papel de estar compromissado com a verdade, independente de questões ideológicas, políticas ou sociais. 

Ou pelo menos tender ao máximo a verdade, não colocando a veracidade dos fatos em xeque – afinal, todos os fatos presentes num texto devem estar confirmados – para que o jornalismo tenha credibilidade. Como disse Luís Fernando Veríssimo, “às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.”



ABREU, Alzira Alves de. Getúlio Vargas e a imprensa: uma relação conflituosa.  Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/RelacaoImprensa> Acesso em : 16.out.2015

BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa. Brasil – 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.

BRASIL, 1943. Decreto-lei N.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>
Acesso em 16.out.2015

JAMBEIRO, O., et al. Tempos de Vargas: o rádio e o controle da informação [online]. Salvador:EDUFBA, 2004. 191 p. Disponível em: <http://static.scielo.org/scielobooks/3yd/pdf/jambeiro-8523203109.pdf>                   
Acesso em : 16.out.2015

LAMARÃO, Sérgio. De norte a sul do Brasil - a caravana do candidato Vargas. Disponível em: <https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/artigos/PreparandoaVolta/CaravanaVargas> Acesso em : 16.out.2015

NOBRE, Daniel Praciano. A Influência do Populismo no Rádio Brasileiro durante o Estado Novo. Disponível em: <www.andi.org.br/file/50868/download?token=BTerLGUX> 
Acesso em : 16.out.2015

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